Ponderações e Reticências...
Pedras amontoadas em um canto
do quintal.
Entre elas o capim de baraço
entrelaçado, enroscado, tomando conta do lugar...
Houve um momento de paz e
aquele lugar iludiu minha mente perplexa pela magia. Um mundo encantado...
-Imaginado?
Por alguns instantes pude ver
minha solidão...
Estado de consciência de minha
alma!
O que trouxe aos meus sentidos
uma alegria.
Pude sentir a transpiração em meu semblante...
-Depois?
Perguntou-me o senhor de minha
mente.
Pensei na loucura...
A mão esqueceu a racionalidade
e obedecendo a um comando etéreo, manteve-se firme no labor da escrita.
Aquilo que vinha seriam
lembranças? Seriam dúvidas?
Seriam de outras vidas
estas indagações?
Uma certeza absurda me vem
alucinar, responsabilizando minha conduta
deixando a mão ocupada a
registrar as cifras de uma linguagem deveras depressiva e melancólica.
Eu continuo...
Sou aquele
baraço de capim que se espalha,
entrando nos cantos,
buscando cada côncavo...
(Uma imagem figurada no reflexo
que a retina guarde na memória).
Vejo reticências em todas as
frases já escritas, enquanto,
na mente as reticências anunciam o paradoxo do
próprio ato.
-Escrever por quê?
-Quem poderia afirmar alguma
coisa?
Mas a alegria? Aquela que
constato de forma intensa.
Em estado consciente.
Seria mesmo, apenas um fenômeno químico
produzindo fluídos e alterando a sensibilidade da mente?
Percebo que isto não importa. Percebo que a virtude
de meus
atos, trazem mais perguntas que respostas
e me responsabiliza, dando mais visão
dentro deste
quarto escuro que parece ser a vida. Então é preciso superação.
Não
podemos ser permanentes porque seriamos o nada,
algo que não somos.
A reticência determina esta
situação de forma clara
quando interrompe, mas não elimina as possibilidades.
Esta sabedoria se revela como o
baraço de capim,
como o sorriso, como a brisa ou canto de um pássaro...
-Então descobri a razão que me leva a
escrever?
-Descobri quem sou eu?
Uma pergunta insólita que por
si não questiona
sua própria natureza...
Ressalta sim, a importância dela.
Talvez eu seja baraço de capim ou apenas uma reticência...
Uma ponderação sobre aquilo
que tento traduzir.
Então considerei minha verdade!
Sou naturalmente um ponderador.
- E então?
Continua a pergunta por que um operário aposentado escreve.
E se mantém feliz escrevendo depois de cada reticência...
No final me resta conjugar o verbo...
Eu pondero
Tu ponderas
Ele ou Ela pondera
Nós ponderamos
Vós Ponderais
Eles ou Elas ponderam
Gerúndio, ponderando;
Particípio passado, ponderado.
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