sábado, 5 de fevereiro de 2022

- Por que pinga o pingo d'água?

 Pingo d'água

Que pinga sem parar.

Pinga, pinga, pingo d'água

Um mistério a desvendar!

O porquê que pinga um pingo

A esperteza de menino

Saberá me explicar.

-Mas por que pinga o pingo d'água?

Isto nunca ninguém saberá!

Isto nunca ninguém saberá!


Pinga, pinga,

Pingo d'água

Pinga, pinga sem parar...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Recordações de São Sebastião do Caí


- Lembro o tempo de criança:
passeio no fim da tarde
nas margens do Rio,
casa antiga que morava,
turma da escola,
brincadeira da garotada...

Na rua corrida de carrinho de lata,
coleção de tampinha,
na Rua Tiradentes
ou "Rua da Barca"!

Andar de bicicleta na Praça,
o policial camarada.
A Festa de Janeiro
nossa homenagem ao padroeiro,
preparação do ano inteiro.
Dia de São Sebastião
todos na Procissão
orando com devoção!
recordações da cidade pacata,
quase esquecida...

No passado de glórias
a história marcou nos mapas
Porto dos Guimarães!
A "Escola Normal", o "Ginásio",
o "Grupo Felipe Camarão";

"Cidadezinha cheia de graça",
leitura de Tema de Casa.

- Recordações... Nossa velha Caí!
Coisas que vi e nunca esqueci:
momentos intensos,
angústia de adolescentes,
primeira comunhão,
primeiro pecado.
Missa de Domingo,
flerte com a menina de minissaia...

Nos dias de Sol quente
o vento balançando o varal de roupas...
Colher pêra, colher caqui,
correr, jogar bolita, pedalar...
(- Ah! Minha Monareta "Daiana"!)

Primavera, Verão Outono,
barquinho de papel
na enchente que subia.
Fundo do quintal,
laranja, limão e bergamota,
tradições nos cítricos
a Festa da Bergamota!

Mistura de saudade,
pesar e alegria...
Recordações da infância!
Lembranças da cidade,
recordações de São Sebastião do Caí!

(Esta poesia foi publicada no ano de 2006, no livro Os Gomos da Bergamota; edição independente que teve o apoio da AGEI - Associação Gaúcha dos escritores Independentes)

terça-feira, 25 de julho de 2017

Procurando...

- Me diga sinceramente aquilo que mais perturba o ser humano... Saberia me dizer?

Na minha racionalidade, digo, minha capacidade limitada de entendimento, diria sem dúvidas que é a nosso condição de ser humano.

Mas aquilo que cala a voz,
aquilo que padece minha alma e não supera as orações,
pois é desta agonia que minha vontade se alimenta!

Junto palavras para dizer que amo! Que sinto e pondero...
Junto verbos e sujeitos alinhados aos critérios que a literatura determina.
Mesmo assim nada dizem.
Nada disso responde aquilo que sou em sua plenitude...

Não basta ao ser humano vasculhar
conhecimento para o entendimento
que possa elucidar nossa vida.

Mas permaneço nesta louca jornada.
Mantenho minha labuta em obscura rota...

Um personagem que busca em sua caminhada,
apenas lembrar que deverás é!
(A Rota de Louis Juson! Buscando lembrar quem era antes de esquecer. Como roteiro de uma crônica de Rolling Play Game.)

Esta pergunta não cala minha voz.
Pois minha vontade persiste, condicionada ao torpor vampírico.
Obstinado a sugar todo sangue, numa consideração análoga,
sugando os verbos para retirar o esclarecimento deste enigma
que se chama humano.

E talvez seja esta minha sina!
Continuar Procurando...

domingo, 27 de março de 2016

Vitral Surreal


Mostra teu rosto no vidro
Retrato no vidro partido
Imagem de um rosto bonito
Meu desejo incontido!

Esconde teu rosto no vidro!
Tuas lagrimas, contas de amarguras;
Amor já esquecido...
Lembrança de um retrato antigo.

Novamente teu rosto no vidro
Mostra uma sena já sentida.
Lembrança de um retrato antigo!
Meu coração palpita na medida.

Claro vitral de sonho!
Vendo os pingos correr,
Imagem plena da ilusão!

sábado, 27 de dezembro de 2014

Ponderações e Reticências...

Ponderações e Reticências...

Pedras amontoadas em um canto do quintal.    
Entre elas o capim de baraço entrelaçado, enroscado, tomando conta do lugar...
Houve um momento de paz e aquele lugar iludiu minha mente perplexa pela magia. Um mundo encantado...

-Imaginado? 

Por alguns instantes pude ver minha solidão...
Estado de consciência de minha alma! 
O que trouxe aos meus sentidos uma alegria. 
Pude sentir a transpiração em meu semblante...

-Depois?

Perguntou-me o senhor de minha mente.

Pensei na loucura...

A mão esqueceu a racionalidade e obedecendo a um comando etéreo, manteve-se firme no labor da escrita.
Aquilo que vinha seriam lembranças?   Seriam dúvidas?   
Seriam de outras vidas estas indagações?
Uma certeza absurda me vem alucinar, responsabilizando minha conduta
deixando a mão ocupada a registrar as cifras de uma linguagem deveras depressiva e melancólica.   

Eu continuo... 

Sou aquele baraço de capim que se espalha, 
entrando nos cantos, 
buscando cada côncavo...

(Uma imagem figurada no reflexo que a retina guarde na memória).

Vejo reticências em todas as frases já escritas, enquanto, 
na mente as reticências anunciam o paradoxo do próprio ato.

-Escrever por quê?

-Quem poderia afirmar alguma coisa?

Mas a alegria? Aquela que constato de forma intensa. 
Em estado consciente.
Seria mesmo, apenas um fenômeno químico
produzindo fluídos e alterando a sensibilidade da mente?

Percebo que isto não importa. Percebo que a virtude 
de meus atos, trazem mais perguntas que respostas 
e me responsabiliza, dando mais visão dentro deste 
quarto escuro que parece ser a vida. Então é preciso superação. 
Não podemos ser permanentes porque seriamos o nada, 
algo que não somos.   

A reticência determina esta situação de forma clara 
quando interrompe, mas não elimina as possibilidades.   
Esta sabedoria se revela como o baraço de capim, 
como o sorriso, como a brisa ou canto de um pássaro...

-Então descobri a razão que me leva a escrever? 

-Descobri quem sou eu?           

Uma pergunta insólita que por si não questiona 
sua própria natureza...
Ressalta sim, a importância dela.

Talvez eu seja baraço de capim ou apenas uma reticência...

Uma ponderação sobre aquilo que tento traduzir.

Então considerei minha verdade!
Sou naturalmente um ponderador.

- E então? 

Continua a pergunta por que um operário aposentado escreve.
E se mantém feliz escrevendo depois de cada reticência...

No final me resta conjugar o verbo...

Eu pondero
Tu ponderas
Ele ou Ela pondera
Nós ponderamos
Vós Ponderais
Eles ou Elas ponderam

Gerúndio, ponderando;
Particípio passado, ponderado.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

SUCO DA LARANJA


Copo na mão, aperto na alma!
Mãos trêmulas que sangram
A miséria demente da solidão
Onde habita nosso medo...

Copo na mão!

Veia que dilata na perícia insana.

Gole doce, nosso amargor!
Veia que dilata,
Bebida consumida
Numa profunda lascívia
Que masturba a mente.
Bebida engolida, destilada...
Prostituindo os pensamentos!

Copo na mão que treme deixando pingos marcados no chão...

(Sei que os limões estão maduros, mas quero beber o suco da laranja.)

CONSTATAÇÃO


Nordeste seco, povo, cruz e fé.

Mãos enrugadas com unhas grandes e
sujas, rosário entre os dedos.

-Uma lamentação!

Canção feita na varanda,
viola e sanfona imitando o vento a bater nos cascalhos do Chapadão.
Na parede o santo de papel assiste a tudo, sem nada dizer!
Apenas seu distante sorriso sugere a presença de deus.

Árida terra, inóspita...
Nordeste seco, povo, cruz e fé.

Pecado do pedófilo, incesto no riacho de areia...
Menina bolinada, mal tratada, desolada, analfabeta.
Desconjurada como filha do diabo!
E a menina paga sua penitência.
Pau de arara ou no bumba meu boi,
maxixe, forró, cana, farinha, a Caatinga...

Pegadas na areia solta,
sinais da demanda migrante que vem para o sul.
São todos retirantes, navegantes do mar árido e inóspito do sertão.

Seco Nordeste.
Povo, reza e fé...

- Buscam o quê?
Água e Jesus!

-Como posso ter sede vivendo aqui no sul?
Ouço a calha roncar com o aguaceiro que a tempestade de verão trouxe.
Aqui é sempre assim!
As pegadas na lama coberta pela geada do mês de Agosto, dissolvem com os primeiros raios do Sol...

-Nossa reza egoísta. 
Pecado do sul.

Deveríamos agradecer pela AIDS, pela enchente.
Até a pneumonia deveria ter uma canção sacra.
Maldades daqui não diferem das de lá!
Somos crédulos, somos pedófilos e doutores, somos ignorantes, todos analfabetos na arte da compaixão.

(Em nossas paredes os santinhos de papel permanecem...)

O menino de pele alva suga o seio farto, alimentando o vazio...
Nossa miséria deprimente, carência de Deus.
A noite vem com seu frescor e ouço o violão imitando o vento.
Peço minha graça contando as estrelas em todas as noites só solidão.

Árida terra farta! Povo...


Nossa reza, cruz e fé.


O anoitecer em frente de minha casa...