quinta-feira, 22 de março de 2012

PEDAÇOS DE AÇÚCAR

Minha tentação foi suficiente para aterrorizar nosso medo.
Confundi a demência e possuí teu corpo.
Quem era eu quando o gozo sobreveio e inundou teu umbigo? Seriam apenas safadezas de um feiticeiro arcaico, compensando seus anseios e propósitos carnais de vidas passadas? Como explicar esta febre latente e teimosa que contagia, que contamina toda esta forma atual do meu ser?
É a gula que atropela o bom senso. Desmancho-me igual açúcar com o calor!
Então escorrego entre as tuas partes...
Estou preso entre despenhadeiros lisos. Sem saída sana! Apenas os olhos podem perceber... Alucinado pelo deslumbre da doçura procuro uma saliência para me dependurar.
Escuto o sino, parece tão próximo...
Quanta coisa falta para ser revelada?
Na mão lambuzada de suco, o gosto da laranja impede adivinhar qualquer propósito... Foi assim que lembrei das cascas de laranjas penduradas na beira da chapa de ferro do fogão de lenha. A fumaça, o cheiro de marcela fervida, a boca com gosto de vômito e a barriga apertada com dores ferronhas que pareciam romper as entranhas.
A cura veio da fervura daquele chá.
Estava feliz!


O anoitecer em frente de minha casa...