terça-feira, 23 de novembro de 2010

TIBUROGUNDA OCÉU

O que é isto?
Onde fica?

Tiburogunda fica entre os dedos, nas dobras da casca da Acácia; uma imagem lúdica de mãos curiosas que usam o espelho para olhar a forma da vagina libertando a Tiburogunda com ajuda dos dedos. Pelo menos por um segundo Tiburogunda fica visível e neste instante as mulheres podem sentir as novas sensações que o corpo cobra...

Tiburogunda é feminina, delicada, sua brincadeira preferida é esconder-se entre os pequenos lábios, bem pertinho do clitóris. Ou nos ventrículos do coração!
Muitas vezes a saliva serve de morada, o próprio orvalho, a lágrima... É a gota que pinga da calha de uma casa urbana. Sempre buscando o fundo, as sombras, ela desprende seu perfume rústico e imperceptível pelo olfato físico. E não da para tocar ou beliscar...
Não fosse a competência dela nós passaríamos nossas vidas em bandos ou manadas, sem rumo, sem poesia...

Tiburogunda fez o homem ficar ereto, fez a primeira ereção e molhou a primeira vagina. Formou os gomos da laranja e deu a fala para os gnomos e as fadas. Muitas vezes ela é confundida com um demônio, outras vezes como doença do desvio sexual... Uma demência mental.
Quando chupamos manga ou bala de hortelã, quando chutamos a lata e jogamos a pedra no gato isto é a Tiburogunda que está manifestando-se. Latejando e fornicando dentro da emoção! Conduzindo no balanço da alucinação toda alienação que deixa os lençóis sujos de esperma, suor e sangue.

“Os olhos dela fitavam meu rosto... Ela sabia e abriu a boca para sorver com gula todo o suco da laranja..."

(Tiburogunda se descuidou pela única vez diante de meus olhos.)
O flagrante foi determinante. Tudo ficou em minhas mãos, pois ela não pode evitar mais minha visão. Tiburogunda estava revelada, estava nua e pura diante dos meus olhos. Deste instante em diante cada momento tornou-se apenas um breve "estarr", cada fato um gomo de bergamota e as minhas vontades não eram mais uma procura cega.
Ela revelou seu nome!
Toda evidência tornou-se um conceito, desmistificou meus preconceitos, construiu uma nova perspectiva dentro do mundo que descortinava um horizonte de um céu verde com "lifaritas" luzentes voando sobre as folhagens azuis daquela relva, o vento vinha das cavernas, as "Trulskas" que ondulava aqueles campos... Foi de lá que a Tiburogunda veio. Estávamos presentes e rastejantes dentro da lama e das areias quentes do deserto veio a regente daquele mundo qualquer... Era uma víbora abissal!

Tiburogunda mostrou seu rosto microscópico, deixou à mostra o ventre invisível e jamais visto. Lapidou meu cristal, aparou minhas unhas e cortou os pelos do meu corpo.
Deixou-me anestesiado deitado sobre a cama com cólicas renais...

"-Alguém me contou!"
As pedras nos rins do homem foram às sequelas determinadas pelo apego do ego, contingência humana ressaltando nosso medíocre estado de luz orgânica. Um estado latente de transição, percorrendo rodovias utópicas transcendendo as possibilidades racionais da mente humana. E nos banheiros de beira de estrada, ficou as paredes sujas de “mijo” e  fantasias obscuras onde o obsceno conduz os dias aliviando-se no ato de uma masturbação, pecado e missa de sétimo dia rezada em um prostíbulo. É Tiburogunda! O Sacerdote com suas cuecas coloridas e meias de três listas, sorri jogando água benta nas tetas nuas da moça de nome Madalena. Pedido de perdão, submissão, confusão na feira pelo preço do mamão... Tudo seguindo a mesma cena...

(Dentro da conjuntura disposta diante das telas da televisão, nada mais resta de sigiloso...)

Contar tudo!
Contar sobre ela é comer chocolate e tomar um porre de coca cola, overdose de sorvete e guaraná, coisa simples e sofisticada, uma canção, uma poesia sem especulação, sem propósitos filosóficos ou acadêmicos.
Contar sobre a Tiburogunda nua é manifestar nosso estado de graça! É ser latente, contente e "pecante" sem culpa!

-Inocente!

Tiburogunda denota a ausência da sagacidade, solicita apenas riso, mãos, pés, língua, pênis e vagina. Fala pelo músculo cardíaco as palavras de pura ignorância intelectual, dizendo contundentes verbos como exemplo: defecar, comer, mijar e foder...
Substrato de uma ejaculação cármica ela evolui de forma simbionte dentro da própria química, confundida às vezes pela mente que tenta explicar a conformidade das formas como sendo paixão. Tiburogunda viaja no sangue, trafega pelas veias como cocaína.

(Na vida nada termina e tudo se transforma... Tudo se dissemina e prolifera sobre a terra fértil do jardim de nossa casa.)

No subúrbio, mentalidade cosmopolita, deixando suas marcas esquisitas nos muros, na pele e nas roupas dos pedestres... Nas placas dispostas enfrente as escolas e nas ruas... “Placas Engomadas!”
Percebe-se:
No recreio os adolescentes escutam "The Bird Fly", a nova canção dos "Zumbis Gangrenosos"... Banda de rock, celular na mão, papelote de maconha e preservativo no bolço, voando igual bando de vampiros sugadores do medíocre e mantedores da hipocrisia... São sempre do contra com suas caras feias, reclamando do trânsito, do governo, do vizinho, do pijama, da barriga, do cabelo, do vestido, da fumaça, da poeira, da confusão criada por eles no restaurante da esquina; querendo bife mal passado ou bem passado, desconto, mesa de centro ou de canto... -E o árbitro é o Chicão! Um Bar Mam... Esta é a única forma de inibir a presença da Tiburogunda nua. Nossa vida de insólita conduta que os conservadores comedores de merda chamam de preço do progresso que somente esta tal globalização traz.

“-Tiburogunda esta encolhida nos preservativos femininos e esmagada pelo fio dental, oprimida pelo Jeans!”

Tiburogunda esta asfixiada pela psicanálise. Sendo enterrada nos divãs. Sendo lembrada no espelho de um passado cruel. Passado das perseguições ortodoxas de bispos e cardeais, pudores e tentações que desenhavam em cartilhas as imagens das sutras e dos salmos para enganar a Tiburogunda... Ornamentos os escapulários dependurados no pescoço inocente que teimava segurar nas mãos o rosário sujo de sêmen denunciando o motivo do Calvário. Eram pés calejados descalços e enlameados de sangue infantil.

"-Pedófilos!"

Tiburogunda manifestada e sem pudor desencadeia a perdição do mundo bucólico, do mundo perfeito dos “napoleões” que no auge de suas fobias perpetuam a opressão, a solidão e determinam o poder do cifrão...
Mas de qualquer forma, Tiburogunda continua ativa, latente e condicionando aqueles loucos onde me incluo... Querendo fantasiar o termo e os fatos dando assim uma alternativa para o telespectador da TV Utopia.
-Subjetivamente, é claro...
Mas sempre fica a opção de trocar de canal.
-Tanto faz!
É o que diria Tiburogunda dando risada e alisando o clitóris, permitindo a dona Celicéia ter um orgasmo... Talvez o único de sua vida.


-Lifaritas: Espécie de fada produtora de mel que habita o Mundo imaginário do autor;
-Tiburogunda: Nome Fictício de uma entidade lúdica que habita o imaginário do autor;

-Trulskas: Caverna com ventania que existe em um Mundo imaginário do autor;

sábado, 16 de janeiro de 2010

CONJETURAS DE UM TEOREMA.

"Dimensões da realidade não temporal..."

Acreditar no tempo como se fosse real,
qual tempo que enruga os traços,
as linhas do rosto cansado.
Acreditar que existe algo antes,
existe algo depois...

Amarguras testemunhadas
onde apenas o que muda
são números marcados,
seja no cronômetro ou na folhinha.
"- O despertador tocou?"

Qual tormento, tortura vã!
Querendo ser ciência
não passa de mito cão.
Fuga demente de gente alimentando o cifrão!
Contingências alicerçadas pelo desejo obsecado.
- Este teal, muito real!
Nosso famigerado tempo
que massacra agudo.
"- O crachá libera a catraca..."

Registros na mente lapidam nossa história
nas estórias contadas no era uma vez...
Tudo era naquele tempo,
cada momento, marcas do homem.
"Na areia as pegadas acompanham a linha sinuosa da orla..."

Pensamos em vidas já vividas,
onde vivemos nossas aventuras,
deixando amores, castelos e rancores.
O místico revelando uma realidade
deveras fugaz, velada pelas nuvens do céu!

Matemática, ciência exata,
terá que mudar a equação!
Relativamente, tempo não existe.
-Como posso parar os ponteiros do relógio
se as engrenagens movem as cordas de aço...
Tic tack! Tic tack!
Bate o minuto no relógio!

Basta-nos resgatar a memória,
geneticamente falando,
prover a mente dos ensinos
do perfeito código que provará
este teorema absurdo.
-Qual é a idade do tempo?

A contundência desta afirmativa
desnuda a fragilidade da civilização,
assim preferimos esperar os fins
do que buscar os começos;
testemunhando utopias
e provendo estórias permanecemos...


O anoitecer em frente de minha casa...