sábado, 16 de janeiro de 2010

CONJETURAS DE UM TEOREMA.

"Dimensões da realidade não temporal..."

Acreditar no tempo como se fosse real,
qual tempo que enruga os traços,
as linhas do rosto cansado.
Acreditar que existe algo antes,
existe algo depois...

Amarguras testemunhadas
onde apenas o que muda
são números marcados,
seja no cronômetro ou na folhinha.
"- O despertador tocou?"

Qual tormento, tortura vã!
Querendo ser ciência
não passa de mito cão.
Fuga demente de gente alimentando o cifrão!
Contingências alicerçadas pelo desejo obsecado.
- Este teal, muito real!
Nosso famigerado tempo
que massacra agudo.
"- O crachá libera a catraca..."

Registros na mente lapidam nossa história
nas estórias contadas no era uma vez...
Tudo era naquele tempo,
cada momento, marcas do homem.
"Na areia as pegadas acompanham a linha sinuosa da orla..."

Pensamos em vidas já vividas,
onde vivemos nossas aventuras,
deixando amores, castelos e rancores.
O místico revelando uma realidade
deveras fugaz, velada pelas nuvens do céu!

Matemática, ciência exata,
terá que mudar a equação!
Relativamente, tempo não existe.
-Como posso parar os ponteiros do relógio
se as engrenagens movem as cordas de aço...
Tic tack! Tic tack!
Bate o minuto no relógio!

Basta-nos resgatar a memória,
geneticamente falando,
prover a mente dos ensinos
do perfeito código que provará
este teorema absurdo.
-Qual é a idade do tempo?

A contundência desta afirmativa
desnuda a fragilidade da civilização,
assim preferimos esperar os fins
do que buscar os começos;
testemunhando utopias
e provendo estórias permanecemos...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A AVE GRITA !

Na terra vazia o homem constrói
A indústria, a mansão e a favela.
Na terra vazia o homem destrói!

E a ave grita...
A ave grita!

A grama morre,
A árvore tomba,
A fumaça asfixia
E o homem continua!

E a ave grita...
A ave grita!

Na grama não pode fazer seu ninho.
Na árvore não encontra seu alimento.
O homem não deixa ela nascer...
- Mas a ave grita!

O homem não quer ouvir.
O homem pensa
E a vida modifica...
E a ave grita...
A ave grita!
Talvez por piedade
Ou grita para morrer...

A ave grita!

sábado, 20 de dezembro de 2008

ÁGUA E SABONETE...

- ( carinho perfumado )

Água nas palmas das mãos.
Água que escorre,
resvalando,
lavando cada parte...
Água que deixa transparente a pele rosada,
feminina forma, em sua nudez gentil,
mostrando os poros, arrepios contagiantes...

Corpo paralisado diante do espelho,
olhos fixos nas mãos que acariciam
denunciando a libido.

O chuveiro insiste com seu rumor,
estatelando seus pingos nos ladrilhos...

Um gemido de dor!
- Não sei, talvez gozo; a boca entre aberta surta com o mantra...
E o sabonete parece caminhar sobre a pele
procurando novas rotas,
massageando nervos e músculos,
acomodando-se nos cantos, nas dobras.
- Tuas dobras...

Água nas palmas das mãos,
( perfume "LUX" no ar)...

SINAL DE FUMAÇA...

- Que céu obscuro !
( Meus olhos vêem apenas fumaça... )

Bundas e tetas,
reflexos da retina dopada pela mídia.

- Abrem os olhos!
- Olhem este céu, depois gritem bem alto,
e depois chorem, pois a fumaça é tóxica.

Obscura,
nossa filosofia apenas medita sobre as manifestações metafísicas.

Aqueles que costumam ajoelhar-se;
ainda existe esperança...

Noutra parte da cidade os anjos estão sendo castigados pelo efeito estufa,
eu choro por eles que não entendem porque deus nos deu o livre arbítrio.
Coisa que foi negado para eles...
- Os Anjos?

- Olhe o céu!
Mesmo que a fumaça lhe faça chorar. Assim como estou chorando agora...

- Este é o sinal...

"PLACAS ENGOMADAS"

-Foi em Nebraska!
Ditado popular que trouxe esta bosta;
" -Sempre tem um jeito!"

Em Chicago!
John Waine bebia "whisky" com gelo vindo do Pólo Norte
e ele não era do "GREENPEACE".
Enquanto, o "bode" berrava sua "alucinógena guitarra",
as suas lagartixas voavam em Amsterdã pedindo o fim da caça as baleias...

Ilógico!
Quem sabe patético. 
(Constataram os diplomatas recém chegados de Pasárgada...);

Eles pintam, enquadram depois o Sol e as chuvas assumem o dano.

Foi em Coxilha Grande que um veado foi atropelado na Rodovia que corta o município,
deixando seu sangue derramado no asfalto, como regalo para aqueles que ali olharam a
placa escrita...
"CUIDADO COM ANIMAIS NA PISTA"

- Mas que merda é esta?
( disse o guarda quando chegou )

DESCONSTRUINDO

- Hei!
Você ai!
- Hei!
Diga alguma coisa!
- Hei!
Diga alguma coisa!
- Hei!
Diga algo...

Na poesia, métrica, rima e verbos se
misturam aos tomates sobre a mesa,
todos já embolorados.
No acento de uma cadeira um gato
dorme sossegado, vestindo seu pijama
de bolinhas azuis.
E a mídia visual insiste, repete o programa
diurno sempre no período noturno. Ou
seria ao contrario?

O copo de água na mão reflete a luz de uma
lâmpada de sessenta wats. E no espelho
posso ver a Mona Lisa sem os dentes...
Tudo começou quando lançaram a bomba.

- O homem foi à Lua?
Eu fui à missa e doei cinqüenta centavos.
Creio que paguei alguns pecados.
Nada pude fazer para salvar aquela formiga que esmaguei...
Devo jogar fora "aquelas" laranjas que estão sobre a mesa.
"Elas estão mofadas".

- Não eram tomates?

DEPENDÊNCIA

Casca de Bergamota
Chá de "Marcela".

Espasmos e dores
dissabores de todos.
Nas ruas sujas, nossos pesadelos,
contas e cifras.
- Criatura mundana!
Vestígios da demência
a magia que domina,
são palavras ditas
e sempre repetidas...

Casca de Bergamota
Chá de "Marcela".

Jejum do amor
inconstância humana.
Espasmos e dores
digitais deixadas no corpo,
bebida, açúcar e cocaína...
Espasmos e dores!

Na carta escrita,
"uma contingência da sociedade humana",
apenas reminiscências que a saudade exalta,
enquanto, o corpo jaz estendido, relaxado,
(dormindo sobre o lençol).

O anoitecer em frente de minha casa...