Moribunda pessoa que fui neste derradeiro cemitério
que a realidade determina. Nesta imagem visível pelo espelho...
Póstumas todas as minhas obras, já que minha consciência
ainda padece... Não houve nem uma prece. Nada pode mudar
esta antiga existência morta.
Inúmeras vidas justificam minha decadente vontade
de continuar a morrer...
Sempre deixando para depois aquilo que de verdadeiro
parece ser meu querer... Sacrifício e demérito os motivadores
desta agonia.
- Tudo parece um erro!
Como beijar agora se apenas meus desejos cobram outra presença?
Se fosse tão somente desejo, aquilo que agora quero.
Mas parece intransponível a barreira deste mistério!
Neste questionamento ansioso e possesso, persigo
meus rastos buscando minha constância. Uma procura cega!
Na retina gravada, uma visão permanente entre desalinhos e desgostos,
do contido desejo, minha tortura...
Fico na sombra do arvoredo degustando bergamotas congeladas
pela geada, contudo, posso sentir que a chuva esta próxima...
- Mas não basta!
Os cristais brilham nas entranhas cobrando impostos altos
pela raridade de suas existências, concordo com isso, por conseguinte,
morro um pouco cada dia...
Como outrora nada faço! Nada posso fazer...
- Apenas dizer que te amo!
( Mesmo antes de nascer...)
Na lapide, coberta pela penumbra, apenas as letras
mórbidas de nomes sem significados. Assim as palavras,
gestos, formas e atitudes, afloram sem nem uma propriedade.
Sem consciência persigo a languidez do teu andar.
Coisa inútil os conceitos que encontramos...
Para dizer que amo!
E morro todos os dias...